O discurso que reproduz fidedignamente a fala dos personagens chama-se discurso direto. Este tipo de discurso nos é apresentado convencionalmente por meio de verbos de elocução ou verbos discendi, e também de sinais de pontuação: aspas ou dois pontos e travessão.
Já o discurso indireto é aquele em que o narrador filtra ao leitor tanto a fala quanto os pensamentos e sentimentos dos personagens, incorporando-os a sua linguagem, por meio dos mencionados verbos de elocução ou verbos discendi, seguidos de conjunção integrante: que, se.
O discurso indireto livre, por sua vez, ocorre quando não podemos precisar com exatidão se a fala, o pensamento ou o sentimento presentes numa história pertencem ao narrador ou aos personagens, pois o narrador expressa o fluxo de consciência dos personagens, confundindo-o com sua própria voz narrativa.
Exemplo:
'O senhor vaí comemorar em casa ou numa boate?' - discurso direto. Engasgado, confessou-lhe que em parte nenhuma. - discurso indireto.
Fazer anos é uma droga, ninguém gostava dele neste mundo, iria rodar por aí à noite, solitário, como o lobo da estepe. - discurso indireto livre.
'Se o senhor quisesse, podíamos jantar juntos', insinuou ela, discretamente. - discurso direto.
E não é que podiam mesmo? Em vez de passar uma noite besta, ressentida - o pessoal lá em casa pouco está me ligando -, teria horas amenas, em companhia de uma mulher que - reparava agora - era bem bonita. - discurso indireto livre.
Observação:
Repare que o narrador de Caso de Secretária conta a história do ponto de vista do personagem principal. Além de descrever seus sentimentos e pensamentos, ele recria o seu fluxo de consciência, a sua fala interior, por meio do discurso indireto livre. Assim, o texto articula com inteligência narrativa a surpresa do final; ela pertence ao protagonista, mas contamina o leitor, já que este conhece o enredo exclusivamente por intermédio daquele.
A crônica de Carlos Drummond de Andrade nos mostra, enfim, que os modos de apresentação de personagens numa história, e também os tipos de discurso utilizados, devem ser pensados em função da intenção do autor, dos efeitos que quer provocar com sua narrativa. Esses elementos podem ser observados em outros exemplos como este aqui.
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3 - Enredo: modos de organização e tipos
O enredo, isto é, a organização de ações ou acontecimentos com os quais tecemos uma narração, pode se dividir basicamente em dois tipos:
Enredo linear: é aquele que obedece uma seqüência lógica e cronológica de ações - início / desenvolvimento / desenlace ou desfecho.
Ex: Caso de Secretária.
Enredo não-linear: é aquele em que ocorrem saltos na seqüência de ações, omitindo fatos, sugerindo acontecimentos, apresentando cortes temporais, quebrando a seqüência lógica e cronológica da história. Nesse tipo de narrativa, o tempo cronológico e o espaço concreto são substituídos por flashbacks (retrospectivas ou voltas), flashforwards ou prolepses (antecipaçôes), ou ainda, algumas vezes, são suprimidos.
A narrativa de natureza complexa, em que se misturam passado, presente e futuro, normalmente é estruturada por um enredo não-linear.
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